Polícia Militar encontra bebê com cordão umbilical e restos de placenta; mãe alega desespero e falta de apoio familiar
Um caso chocante de abandono de incapaz mobilizou forças de segurança e serviços de saúde em Cuiabá nesta semana. Uma mulher de 35 anos foi presa no sábado (12) após confessar que abandonou sua filha recém-nascida dentro de uma sacola plástica no bairro CPA 4, na manhã da quinta-feira (10). A bebê foi localizada por moradores em meio ao lixo e resgatada por policiais militares, que a encaminharam para atendimento médico emergencial.
A prisão foi realizada por uma equipe do 9º Batalhão, após o suposto pai da criança — que viu a repercussão do caso na imprensa — acionar a Polícia Militar. Ele informou que a mulher, com quem teve um relacionamento recente, poderia estar envolvida na situação. Ao chegar à casa da suspeita, no bairro Doutor Fábio, os agentes confirmaram a identidade dela e ouviram a confissão. Segundo a mulher, o abandono foi motivado pelo desespero, por estar sozinha e sem recursos para cuidar da criança.
Conforme relato da mãe, ela saiu do hospital no dia 7 de abril com a bebê, mas não providenciou o registro civil. No dia 10, colocou a recém-nascida em uma sacola com roupas e a deixou em uma calçada na avenida Curió. A criança ainda estava com o cordão umbilical e restos de placenta no cabelo. Moradores ouviram o choro e alertaram uma equipe do 3º Batalhão, que patrulhava a região. A bebê foi rapidamente encaminhada à UPA Morada do Ouro e, depois, transferida para acompanhamento pediátrico.
A bebê, com cerca de três quilos e sinais vitais preservados, foi entregue ao Conselho Tutelar, que está acompanhando o caso. A Delegacia da Mulher também foi acionada e deverá investigar possíveis antecedentes da mãe, além de avaliar se há histórico de negligência com outros filhos. A mulher foi autuada por abandono de incapaz, crime previsto no artigo 133 do Código Penal, cuja pena pode chegar a até seis anos de reclusão, especialmente se houver agravantes de risco à vida.
O episódio expõe a dura realidade enfrentada por mulheres em situação de vulnerabilidade. Muitas vezes desamparadas por familiares e pelas estruturas estatais, acabam tomando decisões extremas. Segundo dados da Defensoria Pública de Mato Grosso, 61% das mulheres que entregam filhos para adoção o fazem por extrema carência econômica ou abandono paterno. O caso reacende o debate sobre a rede de proteção e o papel do Estado no amparo à maternidade em situação de risco.
Enquanto a criança se recupera sob os cuidados do Estado, o caso será judicializado para definição da guarda. O Ministério Público deverá atuar junto ao Judiciário para garantir a segurança da menor. Já a mãe permanece presa e à disposição das autoridades. O drama vivido por esta recém-nascida evidencia o quanto a ausência de políticas públicas efetivas pode custar caro — e, por vezes, quase tirar a vida de quem acaba de chegar ao mundo.
Por: MT é Notícia
Publicado em 14 de Abril de 2025