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Comunidade protesta contra fechamento de hospital; 'lastimável'
O ato, que contou com familiares de pacientes e profissionais da saúde
Por Administrador
Publicado em 28/06/2025 12:49
Notícias

Há 5 anos Fernanda Medeiros trata a filha no Hospital Estadual Santa Casa e a incerteza sobre o futuro do hospital se tornou apreensão constante em sua rotina nas últimas semanas. A menina foi diagnosticada com doença rara no intestino aos 10 meses de vida e desde então passou por 9 cirurgias, além de visitas semanais a hospitais, sem contar internações. “A Santa Casa se tornou praticamente a minha segunda casa”, disse a mãe durante protesto realizado na frente da unidade, na manhã deste sábado (28).


O ato, que contou com familiares de pacientes e profissionais da saúde, foi mobilizado pelo vereador Alex Rodrigues (PV), diante do clamor pelo não fechamento do hospital em campanha idealizada pelos médicos Paulo Figueiredo e Francisco Pereira, um dos mais antigos da unidade.


Fernanda reforça a campanha pelo não fechamento da unidade, pois teme que o tratamento da filha seja afetado. “Aqui ela tem acompanhamento com cirurgião. Às vezes um médico consulta o outro para saber como proceder com ela, já que a doença é tão complexa e exige muita atenção, senão pode se tornar uma infecção e se generalizar”, conta a mãe.


“Eu já precisei buscar a UPA numa urgência com minha filha e a médica olhou para mim e disse que não sabia o que fazer, porque aquela doença ela só tinha visto em livros. Eu fiquei desesperada. Aqui eu cheguei no pronto atendimento e minha filha já foi encaminhada para exames, já internou”, lembra a mulher emocionada. A criança, hoje com 5 anos, trata de Megacólon congênito, condição presente desde o nascimento que afeta o intestino grosso, causando dificuldades na eliminação de fezes e gases.


O médico Paulo Figueiredo, que está há mais de 50 anos na unidade, afirma que há engajamento dos deputados e vereadores com a causa, mas nada de concreto para que o Estado retroceda na decisão de deixar de gerenciar a Santa Casa assim que o Hospital Geral for aberto, em setembro. Em decisão desta semana, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) deu prazo de 10 dias para que a gestão informe a data de desocupação do prédio para que ele seja leiloado.


Hoje o prédio da Santa Casa está bloqueado para Justiça do Trabalho para pagamento de dívidas trabalhistas as centenas de funcionários demitidos do local pela Sociedade Beneficente Santa Casa. O aluguel pago pelo Estado para uso do espaço, de R$ 460 mil, é direcionado ao TRT para pagamentos dos valores atrasados deixados pela antiga gestão.


“Isso é lastimável. Hoje as dívidas trabalhistas estão em torno de R$ 50 milhões. Eu fico estarrecido com isso. O governo do Estado deixou a Santa Casa numa condição que não tem solução. Elas pegaram o espaço, com equipamentos e os serviços, mas no que diz respeito aos serviços, eles não assumiram. Despacharam 850 servidores da Santa Casa, que já estavam preparados, sabiam o que fazer e contrataram outros. Criaram um novo CNPJ”, aponta o médico.


O vereador Alex Rodrigues destacou a importância do hospital para a comunidade cuiabana e do interior nos seus 200 anos de fundação. O parlamentar afirmou que a visita dos médicos Francisco Pereira e Paulo Figueiredo na Câmara sensibilizou vereadores e devem buscar solução junto ao prefeito Abilio Brunini (PL), que já demonstrou interesse em assumir o hospital, mas alegou insuficiência financeira.


“Na saúde não podemos fechar portas, temos que abrir portas. Vamos chamar o prefeito para ver se ele dialoga com o governador para a gente encontrar uma solução”, afirmou o parlamentar.

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